“Há um jogo especulativo contra o real no país”, afirmou o presidente, após nova alta do dólar na segunda-feira (1º/7)
“Obviamente, me preocupa essa subida do dólar, é uma especulação.
Há um jogo especulativo contra o real no país”, avaliou em entrevista à Rádio Sociedade, em Salvador (BA). “Tenho conversado com as pessoas [sobre] o que vamos fazer, estou voltando na quarta-feira [3/7], e temos uma reunião. Não é normal”, reforçou.
Na segunda-feira (1º/7), a moeda norte-americana fechou a R$ 5,65, o maior valor desde 10 de janeiro de 2022.
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Lula retorna a Brasília nesta noite, após dias em viagem para outros estados do Brasil. Ao visitar os municípios, o petista procura dar entrevistas para rádios locais e, nelas, têm reclamado do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, e da política monetária.
“Semana passada, dei entrevista no Uol.
Depois da entrevista, alguns especialistas falaram que o dólar subiu ‘por conta da entrevista do Lula’. Fomos descobrir que o dólar tinha subido 15 minutos antes da minha entrevista”, argumentou.
Questionado sobre possíveis soluções para conter a valorização do dólar, Lula respondeu: “Temos de fazer alguma coisa. Não posso falar, senão estou alertando meus adversários. Mas, se pegar dados da economia, vai perceber que o PIB [Produto Interno Bruto] está crescendo mais do que a previsão do mercado, o desemprego cai mais do que a previsão do mercado, a massa salarial cresce mais do que a previsão do mercado”.
Em relação ao mercado, o presidente disse não existir motivo para “terem medo de que vai acontecer coisa errada”.
“É preciso cuidar dos gastos públicos e ninguém cuidou melhor do que eu”, declarou o mandatário da República.
Agenda fiscal
O ministro Fernando Haddad, da Fazenda, disse ter uma agenda “exclusivamente” fiscal com Lula na quarta-feira (3/7).
“Não sei de onde saiu esse rumor, mas não. Aqui na Fazenda nós estamos trabalhando uma agenda eminentemente fiscal para apresentar para ele propostas para cumprimento do arcabouço 2024, 2025 e 2026”, falou.
Para Haddad, bastaria “acertar a comunicação” para travar a alta do dólar. “Acredito que o melhor a fazer é acertar a comunicação, tanto em relação à autonomia do Banco Central, como o presidente fez hoje de manhã, quanto em relação ao arcabouço fiscal. Não vejo nada fora disso: autonomia do Banco Central e rigidez do arcabouço fiscal.
É isso que vai tranquilizar as pessoas”, explicou. Isabella CavalcanteFlávia SaidMariana Andrade